Estamos celebrando os 2000 anos do nascimento de São Paulo. O Ano Paulino, instituído pela Igreja, permite-nos celebrar a sua conversão neste domingo.
Paulo era um fariseu rígido. Segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, presenciou a morte de Estevão, o primeiro mártir da Igreja. Por volta do ano 34, quando se dirigia a Damasco teve uma visão (1ª. leitura).
Apesar de falarmos de uma conversão, o que aconteceu foi uma verdadeira vocação. Ou seja, a partir de um momento específico, o fariseu se torna seguidor de Jesus Cristo. O que se realizou na estrada de Damasco foi o encontro com o Senhor, uma grande experiência com o Senhor Ressuscitado (Gl 1,11-12; 1Cor 9,1). O que Paulo viveu é o caminho de todos nós: precisamos valorizar este encontro com o Senhor, que não é privilégio apenas dos apóstolos.
Encontro que causa a queda e a cegueira.
Também a nossa vida começa ou se revigora em momentos especiais como este. São momentos de kairós (ocasiões especiais da presença divina), momentos em que Deus fala ao coração, momentos de encontro. Como Paulo, também caímos pelo caminho e ficamos sem enxergar. Ou seja, também precisamos estar no chão diante de nosso orgulho, curvar-nos diante da vida e do Senhor, para então seguirmos de cabeça erguida. Também, em certas ocasiões, precisamos não enxergar nada sobre o nosso futuro, sobre o que acontecerá exatamente em nossa história, para que na cegueira sobreviva a penumbra da fé, que nos faz confiar em Deus, pois Ele é que será o nosso guia, ou mandará um Ananias para ser o nosso guia.
Encontro que causa a mudança.
- O que este encontro fez na vida de Paulo? Paulo perseguia os cristãos, era seminarista de fariseu, rígido observador da lei do Antigo Testamento.
- Quem diria que ele não era um homem religioso?
- Ninguém em sã consciência duvidaria disso. Tanto é verdade, que o próprio Paulo se declara como irrepreensível na observância da lei (Fl 3,6).
- Um homem letrado e fiel precisava mudar?
- Ele mudou... Não teve medo de mudar a sua visão religiosa.
- Nós estamos abertos à mudança?
- Estamos conscientes que nossa vida religiosa é um grande caminho com muitas possibilidades de mudanças?
- E o que pode mudar na sua vida?
Na estrada de Damasco, inaugura-se uma nova
etapa na vida de Paulo. Gradativamente ele terá uma nova visão do mundo e de Deus (isso não acontece de uma vez só!). Paulo passa a entender que Deus ama antes de nossa observância. Compreende que Deus não espera que sejamos bons para mostrar o seu amor, mas que ama a todos, ama até os pecadores (Rm 5,8).
Entende que “Jesus Cristo me amou e se entregou por mim” (Gl 2,12). Paulo substitui o deus do legalismo pelo Deus da gratuidade. Paulo entende que o mais importante não é sua fidelidade, mas a fidelidade de Deus. Entende que na sua fraqueza, o Deus de amor (que o amou primeiro) é quem faz a diferença!
Encontro que traz nova visão do tempo.
Na segunda leitura, São Paulo testemunha que agora vive a partir de uma nova compreensão do tempo – este é uma graça que deve ser vivida com intensidade, mas lembrando que é breve no seu curso. O apóstolo nos lembra que as coisas passam, a vida passa... Nossos bens, casas, emprego, pertences, lazeres... A vida passa e mira a eternidade, então devemos viver lembrando
de que estamos construindo o caminho para uma vida plena que se segue a esta. Somente a fé pode dar este sabor a nossa existência.Encontro que gera a missão.
São Paulo é o exemplo de missionário, pois não se conteve com a alegria do encontro, mas quis transmitir a sua alegria ao mundo, e foi percorrendo toda a Grécia e Europa.
Como ele, também somos convidados a testemunhar a alegria de ser cristão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!”
Pe Roberto Nentwig
É sacerdote e coordenador da Catequese na Arquidiocese de Curitiba-PR.
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